terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No penúltimo dia de 2008...

- O que eu não gosto e faço?

- O que gosto e não faço?

- O que gosto e faço?


Li essas três perguntas num texto que me enviaram ontem. Ainda não parei pra pensar em tudo isso, mas acho que é uma boa coisa a se fazer para esse novo ano. Entender as causas daquilo que faço sem gostar, e o que me impede de fazer aquilo que gosto. As perguntas são pertinentes: podem me levar a entender certos preconceitos, certos orgulhos feridos, e extrair o melhor de mim mesma - quem sou de verdade.
Vou exemplificar. Ao menos, tentar. Eu não gosto de ser tão pessimista (às vezes) a ponto de que pensar que a última decepção vivida (em qualquer âmbito) será eterna. Do tipo, não tenho solução e tudo vai ficar por isso mesmo. E meu último relacionamento me mostrou exatamente o contrário. A saída? Apropriar-me deste aprendizado e bola pra frente!
Eu gosto demais de práticas esportivas em geral. Pude provar, recentemente, os prazeres da corrida em minha vida. Estou a-man-do, de verdade. Mas quero entrar numa escola de dança (é um sonho que sempre tive, e nunca me mexi para tal). A saída? Matrícula no início do ano na primeira escola disponível!
A parte legal: gosto de escrever. E o tenho feito aqui. Prazer, terapia, auto-conhecimento, crítica, renovação. E gosto de ler o que os demais escrevem. E comentar o que eles escrevem. Sendo eu mesma, Fernanda, sendo anônima, sendo Fê, de qualquer jeito. Ler os demais mostra bem quem eles são, mas também que eu sou em relação a eles e ao mundo. É fantástico.
Pense comigo, caro leitor. Já se deparou com essas três questões em sua vida? Tudo bem que pagar impostos e o carnê do carro não é nada legal, mas necessário. Esse não é o mérito da questão. Pense em você, como pessoa, como ser humano, não como cidadão. "O que faz você feliz?", como diz a propaganda do Pão de Açúcar? Tem feito o que te faz feliz?
Compartilhe sua reflexão comigo. Aprendamos juntos!!!!!
E lanço o desafio: quem quer correr comigo a São Silvestre de 2009????? Eu vou!!! :)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Última carta de amor de 2008

"Nego, falei tanto de você nestes dias de Natal que deu um aperto no peito... fui contar parte de nossa história a uma amiga que não via há algum tempo, e relembrei tanta coisa boa! E era engraçado: vira e mexe eu juntava um acontecimento novo (sei lá, um detalhe de algo que acabara de ser comentado) com algo que se parecia com você ou com nós dois. Perdi a conta de tantas vezes que isso se repetiu. Assim, percebi que você ainda está lá dentro, batendo forte, e que eu ainda estou aí, ou que minha vontade ainda é estar aí. Apesar de ter plena consciência de que teus planos e teus caminhos são outros, devido uma decisão tua, ainda não consegui te expulsar do meu pensamento e deste coração que ainda bate forte quando ouve ou lê teu nome, apareça ele em qualquer lugar. Talvez eu necessite decidir isso também. Bem provável que eu ainda não consiga tomar tal decisão.
Essa talvez seja a palavra de nossa relação: decisão. A que eu mais me arrependa por ter dito; ou a que possa ter salvado nossas vidas. Sei lá, é tudo tão recente que ainda não consigo ver bem os efeitos dessa palavra pra gente. Mas sei dos efeitos e dos ganhos de, um dia, haver existido um "a gente". Isso é impagável, incalculável, inegável, inimaginável há algum tempo atrás. E essa, talvez, tenha sido a decisão mais certa que um dia fizemos: darmos uma chance a isso tudo que aconteceu.
Leve meu carinho nesse ano de que inicia. Se não pode levar mais nada, leve a lembrança de um sorriso meigo, de um afago sincero, de momentos tão felizes e eternos enquanto duraram. Se perceber que tomou a decisão errada, me procure. A gente se senta de novo para conversar. Mesmo que for só para conversar. Um beijo, Branca".


ps1.: não se esqueçam que as cartas de amor são ridículas (se o fernando pessoa disse, eu não contrario...). esta não foge à regra.
ps2.: "Nego" e "Branca" são personagens fictícios. qualquer semelhança à realidade é mera coincidência (já diziam aqueles informes publicitários antes de alguns filmes ou novelas que eu assistia quando era criança).
ps3.: o particípio regular do verbo "salvar" é "salvado" mesmo (e deve ser usado com verbos "ter" e "haver")... pode ser usado "salvo" como particípio irregular, com verbos "ser" e "estar" (que não vem ao caso na frase acima). desculpe a explicação, mas faz-se necessária às vezes.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Conversa de hoje de manhã

"yo: bi,,, pq eu tenho a sensação de que tô perdendo a chance da minha vida? no caso do 'fulano'?

Fabiana: pq vc se apaixonou, só por isso
pq se fosse o homem da sua vida ele estaria com vc"


será que se eu repetir isso dez mil vezes, eu aprendo?

se não for ele mesmo, continuo a fazer o que tô fazendo (falando com Deus todas as vezes em que penso nele, pra tentar pensar diferente).... mas, e se ele for mesmo, o que eu devo fazer?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008


(André, obrigada mais uma vez por tão linda foto!).
Segunda-feira fui abordada por uma criança como esta. Mas eu estava dentro do ônibus. Estava sentada e ela entrou com sua mãe e se sentou ao meu lado. Eu, ouvindo meu celular que toca música, olhava distraída para a avenida, quando senti um dedinho me chamando, apertando meu braço gentilmente. "Oi", eu disse, e prontamente ela me respondeu, com um sorriso ingênuo, mas repleto de sinceridade, como se nosso papo fosse algo extremamente importante (afinal, ELA estava ao meu lado,,, como assim eu não a notei?!). Conversei com ela por, no máximo, 3 minutos (foi o tempo dela se sentar, no ponto da Consolação com a Paulista, e descer no próximo, que era o do Hospital das Clínicas). Assim, soube seu nome (Amanda), sua idade (4 anos, mas que logo logo faria 5 e, por isso, era tão grande) e que as aulas na creche já haviam acabado. Eu disse "tchau", ela respondeu; mandei um beijo, ela mandou outro. E desceu com sua mãe.
Aí pensei que, às vezes, nós precisamos somente de uma conversa, de um papo jogado fora, nada de coisas técnicas ou de teoremas. Algo simples. O sorriso daquela menina foi tão perfeito que fiquei pensando enquanto trabalhava: quantas vezes eu neguei um sorriso, quantas vezes as lágrimas venceram, e eu só precisaria me "sentar e conversar, depois andar de encontro ao vento..." para que esse mal temporário fosse saindo do meu coração para dar lugar ao que de belo há na vida!
Na terça, outra situação me chamou a atenção. Estava eu no ponto de ônibus, quando um casal de idosos se aproxima com bastante dificuldade. Ela se senta. O motivo: o sapato dela havia escapulido de seus pés, e ele, mesmo com as limitações de seu corpo, se abaixa para acabar de colocar o sapato nela. Ele demorou um pouco, mas conseguiu. E eles conversaram um tempo, até que o ônibus deles apareceu.
Três gerações diferentes. Dois dias e dois momentos únicos. Uma certeza: os momentos mais felizes que vivemos talvez sejam aqueles mais simples, nos quais uma simples rosa pode representar um imenso jardim, ou um olhar de gratidão represente muito mais que discursos politizados e sem conteúdo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Sois de vento, ides no vento,
E quedais com sorte nova." (Cecília Meireles)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sinto falta...


... e isto é um fato. Independente da situação, sinto falta. Estou aprendendo a lidar com ela, o que não é algo fácil, e vou conseguir. Mas preciso dizer que sinto falta...

... de sua voz que me arrepiava quando você falava perto da minha nuca;
... de te ouvir cantar e tocar enquanto eu fazia ovo frito, mesmo tendo uma outra mistura pra comer;
... de ouvir você dizendo que achava bonitinho eu falar "gostoso", e de todas as inúmeras vezes em que você me fez ficar corada por tantos elogios;
... do seu corpo colado ao meu, de várias maneiras;
... de ouvir seus ensinos, de provar seus ensinos, de viver seus ensinos ("você sabe qual é a diferença entre eficiente e eficaz?");
... de não ter mais a cama em que me deitava, vazia; de dormir invariavelmente abraçados (novidade pra nós);
... de me sentir capaz de, ao mesmo tempo, ser mulher, profissional, mãe, dona de casa e fiel amante de seu único companheiro;
... de conversar por horas, sem parar, sobre todo e qualquer assunto;
... de reparar quantas coisas nós tínhamos em comum;
... da sua pergunta: "sabe quem tá cantando?", ou "e essa música, conhece?" (e das minhas respostas quase sempre certas...);
... de me agarrar a você no metrô, e saber que você não me deixaria cair no tumulto;
... das sinestesias de nossos encontros;
... do seu torpedo, no meu celular, dizendo "me dá um sorriso?";
... dos banhos juntos, de usar sua camiseta, de me arrumar e pensar "é pra mim, mas é também pra ele";
... das corridas que não fizemos, das praias que não visitamos, dos natais que não passamos juntos, dos obstáculos que nem tivemos que superar, da filha que não tivemos, do futuro que nos esperava mas que preferiu dar meia-volta e seguir seu rumo;
... de te olhar de longe, comprando pizza, e pensar "puta nego bonito! ficaria a vida inteira com ele só pela segurança que ele me traz";

... há muito mais, que só nós dois sabemos, que me permitiria escrever infinitamente...

... essas são lembranças tão vivas que ficarão em mim para sempre... e elas, renovadas em meu espírito, são como uma catapulta que me arremeça pra frente, como se fossem a força que fazem o personagem dizer "pro alto e avante!!!

sábado, 13 de dezembro de 2008

"Aprende-se quando não se tem o que se quer"

Quinta-feira à tarde fui à casa de uma grande amiga para estudar com ela. Iríamos treinar para a apresentação do TGI, que seria sexta de manhã. No caminho, dentro do ônibus, uma mulher lia e destacava esta frase num livro, e eu, em pé, próximo a ela, não pude deixar de ler e de meditar a respeito. Uns meses atrás, se alguém me dissesse que eu tiraria um 9 no meu TGI eu diria que não sobreviveria. Queria 10, com louvor, com publicação e indicação para o mestrado. Não é ruim querer isso, aliás, aspirar o melhor é o mínimo que devemos fazer. Mas me frustrar por não conseguir é algo que, definitivamente, não está mais em mim.

Treinamos até meia-noite, e as duas, super nervosas, não sabiam direito o que fazer. Na sexta pegamos trânsito, chegamos atrasadas, mas tudo deu certo. Minha amiga tirou 9,5, uma outra amiga 9 e eu idem. Nossas apresentações foram tão boas, mas tão boas, que ninguém diria que, uma noite antes, as três estavam em pânico diante do ppt. Parecia que havíamos decorado todo o texto... Fiquei tão feliz! Minhas professoras que estavam na banca foram tão generosas comigo, compartilhando seus conhecimentos, que me alegrei por poder debater minhas idéias com outros colegas. Afinal, agora eu também sou uma professora. Aliás, agora tenho um diploma de professora, porque já o sou há muito tempo. Dentro do meu coração.

Esse foi o 9 mais querido de minha vida. Um 9 que, para mim, tem gosto de 11. Fiz o trabalho todo praticamente sozinha, porque minha primeira orientadora teve que deixar de me orientar, e o segundo, que a substituiu, só conseguiu ler meu trabalho uma vez e, além disso, é professor da Filosofia, e não da Letras. Além disso, tinha uma casa, um trabalho, várias outras atividades e 13 matérias na faculdade, além de estágios, PIPE e atividades complementares. Fundamentalmente, a carga de conhecimento que eu adquiri com as leituras e com a prática da escrita acadêmica foi singular. Me sinto tão ou mais vitoriosa que outros colegas meus, que tiraram 10 mas que não têm metade do que eu tinha a fazer.

Fica a certeza de que este foi somente o primeiro. Não vou parar de estudar, de ler, de escrever, de ensinar. De viver. Este 9 me motiva a continuar tentando, e me esforçando cada vez mais. Afinal, eu conheço meus limites. Mas também reconheço que sou muito capaz.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"Sigo manteniendo viva mi capacidad de asombro ante la maravilla y mi capacidad de indignación ante la infamia y continuo creyendo en la verdad del poeta que me dijo que no tome en serio nada que no me haga reír".

Eduardo Galeano

E eu assino embaixo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pontos.



Prometi a mim mesma que ficaria alguns dias sem escrever. Mas como descobri que escrever aqui é uma terapia, melhor seguir o rumo da prosa....


Mas este texto não é meu. Hoje, lá pelas três da tarde, um grande amigo meu, Aires Donizette, me envia este texto por email. Ele é daquelas pessoas que te ajudam pelo simples fato de existirem, e mesmo longe fazem toda a diferença. Uma bênção de Deus pra mim (tanto ele como sua família). Achei tão pertinente que resolvi publicar seu texto. Eis aí:

ponto.

TEMOS O PONTO FINAL

PONTO DE ÔNIBUS

PONTO DE TÁXI

PONTO E VIRGULA

CERTA OCASIAO ESTÁVAMOS NA MINHA SOGRA E ELA ESTAVA FAZENDO DOCE DE LEITE. ELA FICOU O DIA INTEIRO MEXENDO O DOCE ATÉ ELE CHEGAR NO PONTO. DEPOIS QUE O DOCE FICOU NO PONTO QUE ELA QUERIA, O DOCE DE LEITE FICOU UMA DELICIA.

SERÁ QUE EM CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA TEMOS COLOCADO UM PONTO FINAL SENDO QUE DEUS COLOCOU APENAS UMA VIRGULA?

EXISTE O PONTO DE !

EXISTE O PONTO DE ?

VIVEMOS UMA VIDA QUE A PONTUAMOS MUITAS VEZES DE MANERA ERRADA. GRAÇAS A DEUS QUE TEMOS UM GRANDE DEUS PARA NOS AJUDAR A CORRIGIR NOSSA PONTUAÇAO PARA NAO SERMOS PREJUDICADOS. UMA FRASE MUDA TOTALMENTE DE SENTIDO SE A PONTUAÇAO QUE FIZERMOS ESTIVER ERRADA.


E terminou o email sem se despedir. Simples assim.


Aí fiquei pensando... pensando... pensando... há várias maneiras de se entender este texto, feito por um homem de Deus de grande sabedoria, mas que também erra como qualquer um de nós. Poderia pensar, hoje, que uma situação em que aparentemente está com ponto final pode, de repente, ter um ponto de exclamação (fazendo com que tal história se reverta em meu favor). Ou posso provocar, com a escrita deste texto, um pensamento contrário a mim, levando a situação ao passado, pensando que os pontos finais dados podem ser tirados simplesmente.


Complicado, né?


Que possamos ter sabedoria para saber pontuar corretamente nossa vida.

Melhor:

Que possamos ter sabedoria para saber pontuar corretamente nossa vida!!!!!!!!!!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Duas semanas. Mais precisamente, 17 dias.







(ps.: gente, eu a-do-ro flores! rosas e tulipas são minhas favoritas!)





Muita gente imagina e sonha com uma vida segura, estável, looooonga, que tenha um começo, meio e fim contemplativos, sem muitas mudanças, porque a instabilidade causa insegurança que causa medo. Mas você já pensou no que pode acontecer na vida de uma pessoa em 17 dias? Já imaginou que sua vida pode ser totalmente transformada num curtíssimo espaço de tempo? Como encarar essa brevidade da vida?

Me lembrei, a princípio, das pessoas que sofreram de uma hora pra outra com as chuvas no sul do país. Foi menor o tempo, mas foi uma mudança brusca demais (talvez, duas semanas antes, eles estivessem planejando o natal e o ano novo, coisas que, agora, serão tão difíceis de acontecer em plena paz). Depois, me lembrei daqueles que jogam na loteria numa semana, e na outra, quando o sorteio é realizado, seus números são sorteados e tal felizardo passa de um pobre empregado a um rico empregador. Pesquisei e vários jogadores tentam se estabelecer de contusões em duas semanas; muitas flores, após chegar nas casas das alegres moças que as receberam, não conseguem durar mais que duas semanas (para tristeza das meninas). Alguns animais têm vida super curta (moscas, 24h; algumas formigas, 5 dias; alguns peixes, menos de 10).

Mas a vida pode reservar surpresas imensas pra gente em duas semanas. O resultado de um exame, que nos deixou preocupados, pode sair e nos alegrar ao invés de nos fazer chorar. Sua casa própria pode ser sorteada em duas semanas. Provas e concursos podem ser finalizados e suas notas saírem em duas semanas (aquele, super importante, que talvez você tenha pago uma fortuna para fazer e está esperando uma resposta urgente). Você pode começar a falar com uma pessoa na sexta, sair com ela no sábado e passar duas semanas como nunca sonhou viver. Pode se sentir a mulher mais viva, a mais desejada, a mais amada, a mais importante pra um homem. Pode sentir, finalmente, como é gozar de verdade, como é ser dona de casa, como é ser mãe (ou como é querer ser mãe), como é chegar em casa e poder cozinhar pra alguém que já está quase chegando, cansado do trabalho, com tanta alegria que nem parece que você também trabalhou o dia todo. E isso, com a maior verdade possível, de ambas as partes. Saber que foram as duas semanas mais intensas de sua vida, e que você foi muito mais mulher em 17 dias que em 8 anos. Sentir-se valorizada ao extremo. Sentir-se segura. Mostrar a você que você tem realmente valor, que não deve se esconder por erros do passado nem se frustrar pelos do futuro.

A vida, inexplicavelmente, é, por vezes, generosa conosco. Coloca pessoas em nossas vidas, num tão curto espaço de tempo, que vão refletir em nós pro resto de nossa existência. E tudo o que se espera, em oposição, é que nós possamos também fazer a diferença na vida destes. Às vezes com um sorriso inesquecível. Com uma palavra animadora. Com a simples presença ou lembrança de que "tudo vale a pena se a alma não é pequena". Com a certeza de que se faria tudo de novo. Sem arrependimentos nem frustrações. Só com a certeza de que a vida segue seu rumo, e que devemos estar atentos aos acontecimentos - mesmo que sejam num prazo de apenas duas semanas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Um discurso. Um desabafo. Uma satisfação.



"Sr Presidente da mesa, demais componentes, professores queridos, formandos, amigos, convidados: meus cumprimentos. Como nomear todo sentimento que nos invade neste dia? Um misto de muita alegria e de um saudosismo sincero por ter tanto e não ter nada. Temos uma formação, temos um diploma, temos a realização de um sonho (que pode ser nosso ou de nossos pais), temos a capacitação para um mercado de trabalho que é, por vezes, engenhoso e cheio de artimanhas. Temos cada instante vivido, cada lágrima compartilhada, cada riso que ecoa nos corredores de nossos corações. Temos dúvidas (faço o bacharel ou a pós? faço a pós ou o mestrado? faço outra faculdade ou vou mesmo dar aula?). Temos certezas: jamais seremos os mesmos. Temos planos. Temos força, juventude, alegria e garra para lutar e vencer.

Porém, desde que os TGI’s foram apresentados, cada um em sua banca e em seus medos, já não temos mais a companhia diária de pessoas que nos fizeram crescer, que ouviram nosso lamento mais angustiado ou a nossa vibração mais escandalosa. É claro que as lembranças permanecem e que, para alguns, a distância não será nem um pouco percebida. Mas é estranho. Hoje descobrimos que era tão bom fazer parte de uma turma, de um grupo que tinha uma imensa identificação (apesar de tudo), que começamos a pensar que nosso verdadeiro diploma está nos laços criados, nas experiências vividas, nas novidades repartidas e nas descobertas tão sofridas.

Nossa turma passou por todas as transformações possíveis e imaginárias. Fomos os primeiros em tudo aqui no Mackenzie. A primeira turma de Letras a ter um aluno (ou aluna) chamado/a Melody Brasil (mesmo sabendo que outra Brasil da sala não era sua irmã/irmão). A mudança na grade curricular foi estabelecida em nossa turma. Passamos por duas mudanças de coordenação (no começo e no fim do curso) e de Centro (do CCH para o CCL). Às vezes não sabíamos se estaríamos numa sala no prédio 12 ou se já iríamos para o prédio da Piauí (o que nunca aconteceu), e todos, mochilas nas mãos, caminhávamos meio sem rumo pelo campus, até que alguém nos encontrava e dizia: “ei, volte, é lá no 12”. Professores saíram, professores chegaram, outros da Comunicação entraram no mundo das Letras. Horas de estágio e de atividades complementares aumentaram. Horas de aula de literatura e de língua foram substituídas pelas de licenciatura (quem pode com 04 horas semanais de Políticas Educacionais?). Somos a primeira turma de Letras a não ter um Paraninfo próprio (Ronaldinho, nós tentamos, você sabe...). Perdemos uma “mascote” (Ju e Ceci, amamos vcs!) e ganhamos outra: a linda Iara, com seus olhos doces. Amigos saíram durante o curso (Luciana, Esequiel, Marcão, André – aquele de óculos que era amigo da Paty Sam –, Danai, Graziela, Gé Higino, etc); outros não podem estar aqui hoje, mas que completarão a carreira no próximo semestre (Alê Sumadossi, André Descrovi, Aline Araújo, Marina, Amadeu, Daniele Zaratin e Daniela Otsuka, etc). Mas uma coisa é certa: levaremos o melhor de cada um de nós conosco, o melhor de tudo o que vivemos aqui para nossa descendência, e recordaremos, um dia, que a turma de janeiro de 2006 foi a melhor turma de Letras que o Mackenzie já teve".