sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vamos mudar: de um clássico do cinema para um clássico da tv. Eu assisti a este vídeo há alguns bons anos, quando eu era criança, e numa aula de duas semanas atrás meu professor levou para que víssemos a diferença da letra da música e da obra que foi feita para a tv. A música é Teresinha, de Chico Buarque (lindo!!!). Leiam a letra primeiro. É um primor. Ele tem uma delicadeza incrível para contar a história dessa mulher:

Teresinha - Chico Buarque

O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não

O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração


E agora vejam o filme. É hilário, no mínimo.
http://www.youtube.com/watch?v=ply6B4O5ZYs

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Leituras

Confesso que estou um pouco zonza ainda. Acabo de sair do cinema (são 23h45 desta quarta-feira de cinzas). Escolhi "O leitor" esta noite para assistir. Tudo o que eu escrever aqui será pouco perto do que esta delicada produção realmente é.

Eu poderia descrever vários aspectos do filme: a belíssima atuação da Kate, que tenho certeza ter merecido e muito este Oscar de melhor atriz; a coragem daquele menino que interpretou Michael quando adolescente (ele foi muito bom também); uma fotografia cuidadosa, numa mistura de pureza, quando do passeio deles com a bicicleta, e de terror, quando mostra parte do campo de concentração e os fornos e os lugares onde os judeus "viviam". Mas, talvez por meu lado literário ser mais aguçado, preciso me lembrar da troca.

Cada personagem, Hanna e Michael, estabeleceu, no filme, uma troca. Uma doação. Aquele menino, de 16 anos, que mal sabia o que era um beijo no rosto, se depara com aquela mulher, experiente, que o ensina o amor. E ele, numa contrapartida futura, trará a dignidade àquela que fora tão importante em sua vida. Suas leituras de textos clássicos, dentre eles Homero, traziam a esta mulher de feições duras uma certa alegria, um certo sentimento desconcertante, uma certa razão.

Na volta, caminhei pensando que, nesta vida, nada mais temos que um monte de trocas a executar. Trocamos experiências, trocamos telefones e figurinhas, mas todos nós, invariavelmente, recebemos esse dom de compartilhar (tudo bem que muitos se esquecem disso... até eu mesma, às vezes...).

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Rumos


Avenida Paulista, sexta-feira, sete e pouco da noite.

Caminho sozinha. Ouço MPB.

No mesmo percurso, outros na mesma condição. Alguns em par com seu skate ou bike, outros com seu namorado ou amigos, algumas famílias, muitos emos, pontos de ônibus cheios, trânsito, Sesi e Masp, Mc Donalds, calor.

Reflito a respeito dos meus últimos dias. Agitados. Não sei bem o que fazer. E talvez as pessoas que passaram por mim, com seus rostos diferentes, também não saibam o que fazer. Somos iguais? Somos gente.

A mudança de emprego não veio. A oportunidade na facul é maravilhosa. Minha vontade de continuar é clara. Mas o turbilhão de opções me deixa mareada.

Me questiono.

Que rumo tomarei na vida?

Por que duas pessoas, sozinhas, conscientes de seus defeitos e qualidades, e com uma afinidade incrível, optam por continuar sozinhas, mesmo não querendo a solidão?

Por que EU não quero mais ficar sozinha e ELE quer?

Por que EU não aceito que cada um tem seu tempo e que eu não posso mudar o mundo por conta do meu capricho?

Por que somos tão individualistas?

O calor faz querer ficar na rua até a madrugada, mas decido voltar pra casa. Eu tenho uma casa pra voltar. Quantos ali, naquela avenida, não têm? Ou quantos têm aquela avenida como casa? Vi um homem abrindo a lixeira para beber o resto do suco que alguém tomou. Eu, preocupada com meu trabalho e meus estudos e meus sentimentos... ele, preocupado em se alimentar, em sobreviver. Que mundo é esse? Que ingrata eu sou! Será que esse cara fica reclamando tanto quanto eu?

Chega. Opto pela paz. Paz no meu coração. Meu pacto: farei o que estiver a meu alcance, dando o melhor de mim. As coisas virão, as pessoas aparecerão, o amor chegará sem hora marcada, sem nome ou sobrenome, assim como Barão Vermelho canta.
(valeu, amigo André! mais uma vez te "usando" rsrsrsr http://www.flickr.com/photos/tchola/3149620117/)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cultura

Um presente a comprar para uma amiga. Ela pediu um DVD do Harry Potter (o último). Vou ao lugar que mais gosto de ir para ver livros e cd's e dvd's. Procuro, analiso, decido. E me dirijo até o caixa da loja.
- Boa noite.
- Boa noite.
(nossa, que voz linda é essa?)
- Participa do Programa Mais Cultura?
- Não.
- Não? Você nunca informou seu cpf aqui?
- Não sei...
(e que simpatia! que belezura!)
Informo o cpf.
- Marta??
- Isso! Nossa, você adivinhou meu nome?!
(isso foi mesmo ridículo)
- Não, não... bom, agora você terá um cartão. Está aqui. Apresente-o sempre que desejar.
- Obrigada!
- CPF na nota?
(A essa altura, eu já não prestava muita atenção no que ele dizia)
- Ah sim, por favor.
- Aqui está. Muito obrigado.
- Obrigada! Tchau!
Não contente, voltei, na mesma noite, para comprar um livrinho que eu queria, do Oscar Wilde, que encontrei por 8 reais. No mesmo caixa. Dormi pensando naquela voz.

Voltei à loja no dia seguinte. Ele não estava no caixa dos livros, mas sim no de cds. "Precisei", então, comprar um. Do Lenine.
- Boa noite, tudo bem?
- Boa noite!
- Participa do...
- Ah sim! Olhe meu cartão!!!! Agora vou utilizá-lo sempre!!!
- Ah sim, é verdade...
- Escuta,,, você consegue saber se meus dados do cadastro estão corretos?
- Posso tentar... bom, são estes?
- Na verdade, não mais... você pode alterar?
(queria que ele soubesse meu número)
- Não posso... você precisa fazer direto no site... lamento...
- Tudo bem, eu faço depois. Obrigada!
- Imagina,,, CPF na nota?
- Claro... boa noite...
Comprei um café lá fora. Precisava dar meu número pra ele. Voltei com um bilhete.
- Ué?! Tá me esperando aqui na escada?
- Estou sim! Vim te entregar isso!
(morta de vergonha)
- Pra mim?
(morto de vergonha)
- Sim...
- Eu leio daqui a pouco, tudo bem? Ainda estamos dentro da loja...
- Tudo bem, sem problemas...

Conversamos por fone. Pessoalmente. Voltei à loja num outro sábado, tarde chuvosa. Muitos clientes para serem atendidos, e eu no meio da fila.
- Oi!!
- Oi... tudo bem?
- Tudo bem...
- Hoje entrei mais cedo, e vou ao cinema depois de sair. Você quer ir comigo?
- Claro!
- 22h20 naquela saída.
- Combinado.
- Você gosta de Dalton Trevisan?
(Continhos galantes era o livro desta vez)
- Gosto demais dele!
- Hummm... CPF na nota???
Risos, muitos risos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Nascer do sol

Ontem resolvi acordar cedinho pra correr. Vou usar minhas folguinhas na facul para continuar com minhas práticas esportivas (aqui, exclusivamente, a corrida). Desde novembro, a corrida tem feito parte de minha vida (às vezes de minhas manhãs, outras de minhas tardes) e tem feito uma revolução, tanto física quanto emocional. Engraçado como simples atitudes e disposições nossas podem fazer uma extrema diferença pra gente.


Mas eu estava falando de ontem. Quando me predispus na segunda à noite, pensei: "vou acordar às 5h50, me visto e saio". Acabei me levantando às 6h15 e saindo às 6h30 de casa. Estava escuro ainda, e achei tão estranho eu, moça quase sedentária até alguns meses atrás, saindo de casa no escuro pra correr no parque Buenos Aires. É, mas eu fui. Comecei a correr ainda com a escuridão (mais amena, mas ainda estava escuro). As músicas no mp3, os vários rostos passando por mim durante a corrida, o som dos pássaros e dos carros, e meus pensamentos que voavam longe dali. De repente...

.... como já era previsto, o sol começa a nascer, a limpar a densidade, a clarear o céu, a iluminar ainda mais as pessoas que me cercavam, a me fazer ver melhor. Era como se, do céu, eu recebesse um "bom dia" carinhoso. Era como acordar ao lado de alguém que se gosta muito e ter o rosto beijado na face e ser presenteada por um sorriso desinteressado. Foi lindo. Foi simples. Foi único.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ideal

Procurei, agora cedo, uma palavra num dicionário de inglês para compreender uma frase. E acabo de reparar que, na capa do dicionário, está a frase "Ideal para o viajante e o estudante". Gostei disso. Ele não é perfeito, não é um lixo, não é mediano: ele é ideal. Pode ajudar na hora do aperto, pode deixar na mão também (tanto é que eu não encontrei a palavra que procurava...rsrsr), mas, no geral, será funcional. Talvez como a sombra dessa árvore, num dia de calor.
Vida ideal. Sonhos ideais. Pessoas ideais. Meus ideais. Até onde isso vai?
ps.: meu amigo André sempre me ajudando a escrever com suas lindas fotos: http://www.flickr.com/photos/tchola/3236067689/

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

"Às árvores pintadas não caem as folhas" - Saramago

A leitura deste livro do Saramago (A viagem do elefante) merecerá, em breve, um texto meu. Mas antes disso, queria fazer menção desta frase lida ontem à noite (faltam 10 páginas para acabar o livro): "Às árvores pintadas não caem as folhas". Achei genial. E assustador. É uma informação clara, óbvia, quando colocamos ao pé da letra. Você, seguramente, não está cheio das folhas desta árvore sobre sua mesa (e nem eu). E você me pergunta: "tá, e daí?" Daí que meus sentimentos devanearam com essa informação. Algo como: "cara, nada acontece com você se você permanecer assim, como uma árvore num quadro na parede". O renovo da árvore está no fato de que ela se despoja das folhas, das frutas e das flores para que, no tempo certo, novidades apareçam em seus troncos. Às vezes, sem o chacoalhar dos ventos, as folhas mais velhas, às vezes mais resistentes, não podem dar lugar à novidade. E outra coisa: se sou árvore, e se estou viva, com certeza minhas folhas vão se desligar de meus ramos. E mais uma: ao optar por ser uma árvore frondosa, viva, e não um quadro com uma representação, devo assumir as consequências disso.

Apesar de tudo, prefiro a vida. Quadros são bonitos, mas são só bonitos.



(a internet diz que este quadro é de Dali... espero que seja verdade...)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

2000inove

O cara (ou a mina) que bolou esse slogan para o Bradesco merece o prêmio de publicidade do ano. Uma: a idéia foi extremamente criativa; duas: talvez, num ato impensado, ele/ela tenha publicado algo que seria verdade: o ano de 2009 seria cheio de mudanças e de inovações para muitos (mesmo não sendo correntistas do banco). Eu sou uma delas.