segunda-feira, 30 de março de 2009

Um fim de semana pode ser:


Delicioso, como sorvete napolitano no verão

Aconchegante, como chocolate quente no inverno

Urgente, como água para o sedento no deserto

Minucioso, como uma dança de tango

Carinhoso, como o sol do início da manhã


quarta-feira, 25 de março de 2009

Prefiro a rima

"Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva
Ou em rima"

Paulo Leminski, Caprichos & Relaxos

segunda-feira, 23 de março de 2009

"É amarelo porque não tem azul"

Quase igual Tostines - é fresquinho porque vende mais (ou vice-versa, com hífen).

Na síntese aditiva das cores, é amarelo porque não tem azul. É amarelo porque a molécula retém o azul e reflete somente o verde e o vermelho. Aí nós vemos o amarelo.

Física pura.

E quem disse que isso não acontece com a gente?

Olhou, olhou de novo, gostou do que viu, se aproximou de alguma maneira, sondou, esperou, entendeu que podia ir, foi. Física pura. Sentidos. Misturou - reteve e distribuiu - refletiu. Física e química entrelaçando-se.

Está junto porque não está separado. Está bem porque não está mal. Está vivo porque não está morto. Está feliz porque não está triste. Queria a vida assim, fácil. Será que pode ser, só de vez em quando?

Decidi usar mais branco. Ele é o acúmulo de todas as cores. Gostei disso.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sorte de hoje: Aprenda algo hoje (by Orkut)

Primeira sexta-feira de outono, estação que eu adoro: os ipês estão floridos, roxos, amarelos, lindos. Um friozinho gostoso na Av Paulista, daquele no qual a melhor coisa a fazer é aconchegar-se no emaranhado de um bom abraço.

Era tudo o que eu queria hoje. Mas vou dormir e agarrar meu travesseiro.

segunda-feira, 16 de março de 2009

E o Dostoiévski sabia que eu leria isso ontem...

"Meu amigo, é preciso ter paciência e coragem. Espera-te uma sorte mais invejável que a minha: você é cem vezes mais artista do que eu; mas que Deus te dê, pelo menos, um décimo da minha paciência. Estude e não beba, como te dizia aquele bom proprietário, e, principalmente, começa tudo de novo, pelo a-bê-cê. O que te aflige? A pobreza, a indigência? Mas a pobreza e a indigência formam um artista. Elas são inevitáveis, no início. Por enquanto, você não é necessário a ninguém; ninguém quer saber de você; assim é o mundo. Espere, e mais coisas acontecerão quando souberem o que você vale."

Do livro "Niétotchka Niezvânova", de Fiódor Dostoiévski, pg. 24.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sundown

Não sei se é essa onda de tentar entender as diversas linguagens e seus efeitos causados, mas hoje me lembrei de um comercial da Sundown muito bonitinho: aquele em que a mãe começa a passar o protetor na filha (uma menina de uns 7 anos) e aí começa a voz de fundo de um menino, que diz:

"Ah, garota esperta, que passa com graça,
fazendo pirraça, fingindo inocente,
tirando o sossego da gente...
Garotinha, se eu pudesse, eu tirava o seu Sundown,
e aí, oh, você tinha que morar embaixo do meu guarda-sol...
... de qualquer jeito..."

E o menino aparece no final, beeeem branquelinho e sem protetor... Ao mesmo tempo em que ele fala, a música original, porém instrumental, está tocando, e achei bárbaro que menino, ao narrar o texto, dá um swing bem bacana para acompanhar a música... Uma forma lúdica de ensinar a usar o protetor e a mostrar algo da cultura do país: a música.

Mas por que será que eu pensei nisso mesmo? Acho que, na verdade, queria ouvir uma proposta dessas... kakakakkaak

Carência é uma merda mesmo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Vou cortar meus dedos. Todos eles. Das mãos e dos pés.

Quem sabe, assim, dá certo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Liliput

(upload.wikimedia.org)

Meu livro do momento é "Los viajes de Gulliver", de Jonathan Swift (peço perdão por minha leitura em espanhol,,, juro que, um dia, vou ter a capacidade de ler no original...). Um clássico que deve ser lido por todos. Uma boa leitura, um ótimo ritmo, uma reflexão interessante. Estou bem no começo, quando os liliputianos estão vasculhando os bolsos do personagem. Eles fazem uma carta ao rei contando, em detalhes, as coisas que eles encontraram, sem dar os nomes. É um exercício muito interessante. Vou colocar aqui a descrição de um destes objetos; achei muito bom.

"De la faltriquera derecha colgaba una gran cadena de plata, unida a una máquina maravillosa que guardaba dentro. Le indicamos que sacara lo que hubiera al final de la cadena y resultó ser una esfera, la mitad de plata y la otra mitad de algún metal transparente, pues en la parte transparente observamos unos signos extraños dispuestos circularmente. Pensamos que podíamos tocarlos, pero aquella sustancia lúcida se interpuso entre nuestros dedos. Nos acercó a los oídos este aparato, que hacía un ruido incesante como un molino de agua, y dedujimos que se trataba de algún animal desconocido o del dios que él adora, aunque nos inclinamos más por esto último, porque nos aseguró (si le entendimos bien, porque se expresó muy imperfectamente) que raras veces hacía algo sin consultarlo. Dijo que era su oráculo y que marcaba el tiempo de todo lo que hacía en su vida."

Pensei um tempão, depois que li, na importância que eu dou ao tempo. Ao passar do tempo. Ao tempo hoje, agora. Ao tempo futuro e ao tempo passado. Como ele nos amarra, às vezes... como ele nos consome... como ele é implacável... como não damos valor a ele... E talvez esse seja mesmo o meu erro: eu penso um tempão nas coisas, e às vezes isso me impede de viver outros tempos.

Quero aprender a viver cada coisa a seu tempo. Quero não ter medo de viver este novo tempo. "Este é o momento, a hora é agora".

sexta-feira, 6 de março de 2009

Intolerância

Você é uma mulher com duas filhas: uma com 9 e outra com 13 anos. Você já não vive com o pai destas crianças. Mas você se interessa por um outro cara, e resolve levá-lo para dentro de sua casa. Esse novo cara tem 23 anos. Eu não sei se ele trabalha, se ele tem amigos, se ele tem irmãs e uma mãe, mas sei de uma coisa: ele abusou sexualmente de suas filhas. A mais nova fica grávida, de gêmeos, aos 9 anos de idade, e você, é claro, decide interromper esta gravidez, já que as três crianças (porque a mãe dos gêmeos também é uma criança) correm risco de vida.

O cara é preso e precisa até ser transferido da cidade, porque a população quer linchá-lo.

O padre da cidade excomunga a todas as pessoas envolvidas no aborto: a mãe, os médicos, os especialistas.

O que é isso, minha gente?! Será que este senhor excomungou também o maldito que provocou tudo isso? E porque não deixaram a cidade invadir a cadeia e acabar com a raça daquele infeliz?

Depois eu acabo de escrever. Já estou chorando.

domingo, 1 de março de 2009

Domingo

Fui ao Parque do Ibirapuera com minha família. Eles alugaram bikes e eu fui correr. Estávamos fazendo o mesmo percurso, às vezes eu os deixava pra trás, às vezes eles me venciam. O parque estava cheio, claro, e o sol nos acompanhou como um intruso, em alguns momentos. Vimos várias outras famílias, muitos amigos praticando esportes, muitos solitários, muita gente esquisita (aquelas que acham que um parque pode ser visitado de vestidinho rosa e sandália alta de solado de cortiça) e muita gente bonita também. Um aglomerado de pessoas, de animais, de bikes/patins/skates. Muito suor. E um cansaço bom, agradável, que se conquista depois de aproximadamente uma hora de corrida.

Então chega a hora do almoço. Salada? Grelhados? Nãoooo.... fomos a uma lanchonete que está dentro do parque e pedimos Bauru, X-Tudo, batata-frita, refrigerante (se bem que eu tomei suco) e um sorvete de palito para arrematar. Perto de casa, passamos no mercado: um pote de sorvete de flocos. Fomos à padaria: uma lata de cerveja. Em casa: sorvete, sucrilhos, castanhas.

Incrível como temos a facilidade de fazer e desfazer. Adoro o não-convencional.