sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sons de uma sexta-feira à noite

Tire os sons ruins que nos rodeiam - dos carros e ônibus, dos tiros no Rio, da tv chata que insiste em irromper, da falta de educação das pessoas, etc - e sinta os sons agradáveis que existem em uma sexta-feira à noite. Amigos que se brindam, amores que se afagam, risos que se misturam, lágrimas após o gozo ou pela falta dele, estalos dos beijos, o barulho da barriga com fome e que pode ser prontamente atendida com a família. O som da paz interior, incrível, que às vezes incomoda o vizinho de tão quietinha.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Paul e o tempo

A previsão do tempo não era muito animadora, quando a ouvi no sábado: domingo, primeiro dia do show, choveria até com possibilidade de trovoadas. Segunda-feira teria dia frio e com um pouco de chuva também. Mas o que se viu foi bem diferente: o tempo queria participar ativamente dos momentos em que Sir Paul McCartney compartilhou com seus fãs.

O domingo foi um dia extremamente quente. Não choveu onde eu estava, em Itupeva, nem no Morumbi, no momento do show. Imagino que o céu, limpo e com a lua cheia desses dias, pôde acolher toda a potência da voz dele e dos milhões que estavam ali, além da alegria de tantos que esperavam por vê-lo. E assim, todos saíram felizes e secos do domingo. Uma faceta do tempo, aquela que é generosa, fez seu trabalho.

Mas a segunda-feira chegou e, com ela, a outra parte do tempo. Por que só o límpido céu poderia brindar um outro astro? Nada disso. A chuva que viria no domingo veio na segundona, atrapalhando o trânsito de quem ia e de quem não ia ao show. Capa de chuva? ok. Documentos embrulhados? ok. Blusa de frio? ok. Muita disposição? ok. E assim nós saímos.

Mais de 1h entre Jaguaré e Morumbi. Depois, já lá dentro, 2h em pé. E a chuva nos acompanhou nesta espera, implacável. Mãos enrugadas. Mas não fiquei com raiva dela, não. Ela só estava fazendo o mesmo que eu: esperando que ele adentrasse ao palco e cantasse, por 3h seguidas, aquelas preciosidades que o mundo inteiro admira. Enquanto ele cantava "My love", a terceira da noite, as luzes do palco refletiam as lágrimas de emoção do céu. E as minhas também estavam regando a terra, num movimento sincronizado que, certamente, mais pessoas ali, bem pertinho de mim, sentiram igualmente. E entenderam que, quando a chuva parou e a lua apareceu imponente, o tempo também estava desejoso por estes dois dias.