sábado, 13 de março de 2010

A greve dos professores

Conforme a Wikipedia, "a palavra greve origina-se do francês grève, com o mesmo sentido, proveniente da Place de Grève, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios e, depois, local das reuniões de desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho...".

Eu trabalho com gente esclarecida. Fico contente por isso, pois muitas vezes conseguimos colocar em pauta assuntos um pouco polêmicos e sempre aparecem resoluções muito interessantes.

Mas ontem fiquei chocada. Ouvi minha chefe dizendo que "as balas poderiam ter sido de verdade", em relação às balas de borracha que ouvimos serem disparadas contra os professores que se manifestavam na Av Paulista, bem em frente ao Conjunto Nacional, onde trabalho. Ouvi gente comparando às guerras de torcidas organizadas, comparando a algazarra de depois de um clássico. Ouvi que era coisa do PT. Ouvi que eles deveriam procurar mais o que fazer do que atrapalhar o trânsito e impedir que escutássemos os clientes ao telefone.

Ouvi e fiquei quieta de tanta raiva. Como pode um povo cheio de conhecimento dizer um bando de asneiras?

Já sei. Devem ter estudado no melhor colégio particular de São Paulo. Será?

E eu fiquei torcendo: tomara que alguém os veja e deem a eles o aumento e as condições de trabalho merecidas a todos. Tomara que os próximos governantes não os prejudiquem e não os deixem à deriva. Tomara que, na próxima, a professora da escola pública de um dos filhos dos que trabalham comigo diga que não precisou fazer greve porque ela recebeu um aumento de 40% em seu salário porque a criança aprendeu, de verdade, a ler. A fazer a leitura do mundo.

5 comentários:

Beatriz Lamas Oliveira disse...

Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos.

isto escrevia Shakespeare..ele morreu em 1616..estamos no mesmo pé quase 400 anos depois!

naquele tempo o melhor colégio era Oxford...
abraço de Portugal
Bea

Andre Descrovi disse...

Já desisti do Brasil :)
Enquanto num rolar uns protestos violentos, nada vai mudar.

Pequena disse...

O pior é ter que ouvir o nosso querido governador dizer:"ainda bem que a greve não pegou!"

Amore, não estava por aí, por isso não passei pra te dar um bjo.
Bora pro samba no domingo?

Unknown disse...

Sou contra a violência, mas tb acho que os professores deveriam se reunir em frente a assembléia legislativa e não na avenida Paulista. Vamos atrapalhar a vida de quem deve e pode fazer alguma coisa e não dos trabalhadores...
Concordo com protestos, mas vamos tomar ações eficazes e efetivas...
Fazer barulho por fazer não resolve nada...

J.J. disse...

Infelizmente muitas pessoas não tem noção do que é "coletivo"... mas juram que sabem o que é. Tem gente que simplesmente desiste... Tem gente que não quer saber de qualquer coisa que possa atrapalhar a sua vidinha em seu mundo pequeno. É como a greve do transporte coletivo na região metropolitana de BH. Eu entrava nos ônibus após a greve e só ouvia gente dizendo: "esses vagabundos! não querem trabalhar e não deixam a gente tbm..." Fico triste... Isto é tbm falta de educação, falta de comprometimento. Temos facilidade de criticar o outro, a classe na qual julgamos não estar incluído. Desculpe dizer isto pois a pessoa que disse das balas é de seu convívio: mas isto é estupidez de gente que acha as suas opiniões as melhores possíveis e que tudo é igual sempre, que nada vai mudar. Quem não acha a profissão de professor digna que me perdõe: são pares da pessoa que de forma extremamente infeliz desejou balas de verdade! O médico, o engenheiro, O advogado, o juiz, o jornalista, o dentista, o fisioterapeuta, o psicólogo... todos tiveram professores. Ao crescerem simplesmente viram as costas para ele?
Obrigado por compartilhar conosco sua indignação! Este seu post mexeu profundamente comigo!
Não leciono atualmente pois trabalho na área ambiental mas sou licenciado em geografia.
Fico feliz por ainda existirem pessoas que se indignam com absurdos que outros aceitam!
Um abraço