Talvez porque depois que se entende isso, a cumplicidade que se pode criar é, talvez, para a vida inteira. Porque parece mais realidade. Ele conta que, num certo momento da festa, o céu se fecha e se forma uma grande tempestade, e ela tem horror a trovões. Vou traduzir o parágrafo em que ele descreve essa cena:
"Esse barulhão que acabamos de ouvir de algo que se rompe definitivamente não foi meu coração, contra todo prognóstico, mas acho que foi um trovão. Sim, ouvi outro trovão, e através das janelas se vê um céu tão negro quanto o futuro. Ela tem medo dos temporais. Um medo até infantil que faz parte da sua cota de rã, de imperfeita. Olhem para ela: já está nervosa. Já está olhando em volta das janelas, dançando o peso do corpo de um pé a outro, mudando o copo de mão. Está procurando por alguém com os olhos. Por mim. Não quero ser pretencioso, mas parece que me procura. Sim, já me viu. Me olha. Sorrí. É um sorriso que ninguém vê: um risco muito pequeno por debaixo dos lábios. Só eu sei que ela está sorrindo. Só eu conheço esse sorriso. E eu digo: 'não se preocupe, você sabe que nas cidades sempre há bons pára-raios'. Não digo isso com a boca, mas ela entende da mesma maneira, do outro lado da sala, o que eu disse. Isto é o que nos aproxima mais da eternidade e do amor".
Fantástica essa última frase. Aliás, o conto todo o é. O final: a festa segue, ela se acalma, e a vida também segue, com as suas incógnitas perpetuadas.
Acho que vou traduzir o conto inteiro e postá-lo. :)
Um comentário:
Eu sou totalmente a favor de que amor e paixão não é tudo num relacionamento...são apenas elementos como todos os outros são necessários e imprescindíveis. E tijolos importantíssimo para cosntrução. É tanto que muitas vezes se perde o respeito, a cumplicidade e há a aseparação, mesmo que ainda haja amor...
É foda!
rs
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