segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Foi o Drummond quem escreveu...


... e nem sei quando foi (não consegui achar a referência), mas expressa direitinho muitos sentimentos nossos bem atuais. Li hoje no Flickr de um amigo e achei bárbaro (no sentido atual da palavra...rsrsrsr). Não gosto muito de publicar textos "alheios" (deveria talvez criar o meu próprio sentido de Definido), mas vou me apropriar do texto do Drudru...rsrsrsrs
"Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional..."
Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

Pequena disse...

"Sofrer pelas nossas projeções irrealizadas."

Infelizmente fazemos planos para os outros sem perguntar se a outra pessoa quer e depois nos martirizamos pensando que os planos não deram certo.

Adorei o texto, Fê!!!
Saudade da porra!!!
Bjos

Priscila Ferreira disse...

Estou nessa fase:

"Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender."

Hahahahaha
Mas realmente acho que a gente acaba se focando muito mais no que não foi no que aquilo que foi e foi lindo!
Também acho que é porque sabemos que temos capacidade para ser e fazer muito mais do que fomos e fizemos na ocasião e isso deixa o gostinho de quero mais.
Acho que quando as pessoas dizem para vivermos cada momento como se fosse o último, é sobre isso que elas falam.

Saudade da Porra tb!!!

Beijos

Alice disse...

Tá toda de amor, né.
Isso é bom mesmo que seja mau.
Isso torna nossa vida cheia, mantém o coração ocupado, mantém a alma viva.